Alta Performance: o que é?!
Parâmetros de alto desempenho variam entre empresas e pessoas. Explico a crença que tenho num tripé formado por foco, estratégia e cultura.
Tempo de leitura: 4 minutos
Semana passada, escrevi na minha coluna para o MIT Sloan Management Review Brasil sobre Alta Performance. O tema repercutiu bem e achei relevante trazer a reflexão e método para cá.
Lembrando que a Zum! é uma newsletter semanal gratuita que visa compartilhar conteúdo aplicável para o seu dia a dia de trabalho. Se ainda não é assinante:
Essa semana, durante uma live do Mestre GP com o querido amigo Paulo Martinez, discutimos o tema da alta performance versus equilíbrio de vida. Um papo um tanto quanto interessante e que não se conclui, uma vez que se trata de uma eterna busca do ideal para cada indivíduo dentro do contexto da empresa onde trabalha e de sua vida.
Com foco na alta performance, continuei refletindo sobre o assunto, que tem forte apelo popular e presença constante em inúmeros cursos, lives e nas “receitas de bolo instantâneo” tão presentes nas nossas timelines.
O que é ter alta performance? O que significa ter uma equipe de alto desempenho? O que é ser um indivíduo de alta performance? Seria a definição pura e simplesmente de uma equipe que entrega a estratégia e metas da empresa? Uma equipe que "dá o sangue" e "veste a camisa" e fica até meia-noite trabalhando?
Seria eu uma pessoa de alta performance se consigo bater minhas metas no trabalho, surpreender meu gestor, correr 8km por dia, ir à academia (e tantos outros "tá pago!"), ler 48 livros por ano, aprender a fazer pão de fermentação natural, ser a mãe do ano, dormir 4h por noite ("I'll sleep when I'm dead!"; "tem que trabalhar enquanto os outros estão dormindo") e acordar às 5h da manhã todos os dias?
Respostas possíveis, resultados prováveis
No contexto de uma empresa, para mim, a alta performance de uma equipe está ligada com as entregas de resultados como consequência, porém não em detrimento de qualidade de vida (ou da nossa constante busca deste equilíbrio). Para que indivíduos consigam performar bem, existe um tripé que deve estar muito bem equilibrado:
1. Clareza e foco estratégico;
2. Desenho organizacional que suporte a estratégia;
3. Cultura que faz a entrega acontecer.
De nada adianta entregar resultados com uma equipe que trabalha sem foco e sem eficiência. Se sua equipe, por regra, está trabalhando acima de 8h por dia, ou muda de direcionamento a todo momento, existe algo de muito errado a meu ver. Casos como esses, geralmente, são sintomas de falta de foco ou de clareza estratégica e, por consequência, criadores de caos.
Quando a direção estratégica é clara é mais fácil saber exatamente onde focar e, talvez ainda mais importante, enxergar as muitas coisas que não importam, culminando em corte de projetos e tarefas irrelevantes para a execução do que realmente faz a diferença.
Agora, de nada adianta ter clareza estratégica se o desenho organizacional dificulta a entrega do que precisa ser feito. Não adianta, por exemplo, desenhar uma estratégia super focada, que requer agilidade na entrega, se a empresa tem uma estrutura de equipes hierarquizada e burocrática, criando dificuldade de autonomia para a entrega ágil na ponta.
Ainda, por mais transparente que seja a estratégia, por mais que crie um desenho organizacional que a suporte, de nada adianta ter uma cultura que seja divergente da estratégia desenhada e desenho organizacional determinado. Afinal, cultura é como o trabalho efetivamente se dá e não o que é pregado.
Por mais que eu diga que minha organização, por exemplo, é centrada no cliente, é ágil, que mostre uma estratégia e desenho de equipes claras, que fale sobre isso em palestras, o que conta mesmo é o que acontece no dia a dia. Nesse caso, não agir de acordo com a cultura seria o empecilho de alta performance e da entrega que a empresa busca. O discurso não leva à prática!
No tema cultura, a dica do excelente podcast, em inglês: Companies & Culture: What You Do Is Who You Are, da a16z, com o Ben Horowtiz:
É claro, há de se dizer, que no âmbito pessoal dentro das escolhas profissionais existem períodos nos quais as balanças pesam mais para um lado do que para o outro em nossas escolhas. Se eu decidir empreender, sei que por um período vou provavelmente ter que dedicar um tempo maior ao meu trabalho. Se estou em uma empresa de e-commerce, sei que na black friday terei de, fatalmente, dedicar mais tempo à ela.
O ponto aqui é a preocupação de aquilo que deveria ser exceção se tornar uma regra.
Alta Performance em minha vida
Em outras palavras, no contexto pessoal, para mim, alta performance se relaciona a quem você quer ser e o que é equilíbrio para você. É exercitar constantemente a tarefa de silenciar o que vem de fora para tentar ouvir o que, na sua mais pura essência, faz sentido unicamente para você. Qual é o seu rolê.
Neste ponto, o contexto de cada indivíduo é um maior ou menor fator propulsor para tais questionamentos e reflexões. Se, como a maioria dos brasileiros, colocar comida na mesa e pagar os boletos é o foco de preocupação diária, tais indagações se tornam mais desafiadoras, porém não impossíveis: dentro da minha realidade, qual o próximo passo possível que faz sentido na minha busca pela vida que almejo?
Faça a Zum! chegar em quem pode se beneficiar do nosso conteúdo gratuito: